DIÁRIO DIA 16: VOCÊ É UM VETOR DO BEM OU DO MAL?
- Regina Miranda
- 5 de abr. de 2020
- 4 min de leitura
Na biologia “vetores epidemiológicos são organismos que podem transmitir doenças infecciosas entre os seres humanos ou de animais para humanos.”* Os vetores, então, são os vilões . São os malvados (não favoritos) que deixaram o mundo inteiro nesse caos. Quarentena, isolamento, distanciamento social. Não poder confraternizar. Somos obrigados a ficar longe de quem amamos... comemorar o aniversário de uma irmã via skipe (sim, essa parte não é hipotética, foi o que tivemos para hoje). Combinar um horário, ligar o computador, sincronizar a cantoria... não é fácil. Cada núcleo familiar acabou cantando em seu tempo... o delay... Os vetores. Os vetores estão por aí. No mercado, na farmácia, no açougue... no caminho de casa para a casa da irmã. Não. Não dá para ir comemorar JUNTO. Os vetores. Estão por aí, por todos os cantos. No pacote de arroz, na embalarem de remédio, na encomenda que chegou pelos correios. Os vetores podem, ou não, estar repletos de corona vírus. Mas podem estar. Arriscar ao acaso, deixar na mão do azar? Não, obrigada! Se eu fosse sortuda não estaria aqui nesse país tupiniquim tão marcado pelos vilões do acaso. “Deus é um cara gozador, adora brincadeira/ pois pra me jogar no mundo tinha o mundo inteiro,/ mas achou muito engraçado me botar cabreiro/ na barriga da miséria, nasci brasileiro”**. Os vetores “do mau”. O distanciamento é necessário. É obrigatório. E “Deus, dará”**?
E “se Deus negar, ô nega?/ eu vou me indignar”** e gritar: FICA EM CASA. Não dá pra esperar que Deus resolva. Não há jejum que dê conta dessa pandemia se a gente não fizer sua parte. Se a gente continuar a frequentar bares, lojas e afins. Eu também fiquei afim... de sair, de espairecer. De estar com amigos e família. Mas se eu assim fizesse, saindo por aí sabe lá com quê nas mãos e no hálito... eu poderia ser um vetor do mau. Eu já disse isso em outro post. Eu não quero ter em minha consciência a sombra de dúvida: contaminei alguém? Porque não seremos testados em massa. Podemos já ter encubado o vírus e nunca vir a saber. A COVID19 também pode afetar um corpo humano e não ser percebida. Pacientes assintomáticos. O cidadão contrai, passa a o vírus (após cerca de, em média 05-06 dias, durante alguns dias), não apresenta sintoma algum (o que seria, se fosse o caso, após uns 07 dias, em média). Esse vetor potencialmente mau (o cidadão contaminado) só se torna um vilão se aproximar-se suficientemente de outras PESSOAS para passar o vírus, às vezes, letal. Se esse vetor (o cidadão contaminado) ficar em sua casa, em reclusão, em distanciamento social, com o mínimo contato (e distante) com outras pessoas, ainda que passe, será a um número bastante menor de outras PESSOAS. Somos pessoas, seres humanos, com direito à vida e à saúde garantidos por tratados internacionais. Mas também somos cidadãos, com responsabilidades perante a sociedade em que vivemos; com responsabilidades perante a humanidade com que vivemos. Toda espécie traça teias processuais para garantir sua sobrevivência. Dá para entender esse desleixo, essa negligência com os semelhantes com que alguns seres viventes andam agindo e a qual andam promovendo?
Eu, de minha parte, repito: não quero esse peso em minha consciência. A VIDA de meu irmão (irmão de luta, de classe, de Brasil) é cara para mim. A vida de todos e de cada um é cara para mim.
Então, para mim, é uma questão de escolha. Infelizmente, para alguns não há uma escolha de fato. São muitos os trabalhadores que não podem praticar, de fato, o distanciamento social. É ainda mais imperativo, portanto, que todos podem o façam. Para quem, de fato, pode é uma questão de opção. Você escolhe: quê tipo de vetor quer ser. Um vetor vilão, que pode vir a ser responsável pela MORTE em exponencial de pessoas concidadãs; ou se quer ser um vetor “do bem”. Um vetor do bem funciona disseminando, contagiando sim... com força a quem está fraquejando, com alegria a quem desanima, com amor e companhia a quem se sente só. Se um vetor é um meio de difusão, de transmissão, de contágio, podemos escolher disseminar, transmitir e contagiar com aquilo de que a sociedade precisa para atravessar essa ponte pênsil. Cada um de nós já é um vetor em potencial. Você, em suas escolhas diárias, será um vetor do mau ou um vetor do bem?
CALMAVAIPASSAR
E a dica de hoje é: seja um “vetor do bem”. Desde o início da quarentena, do caos, da pandemia, há muita gente colocando a criatividade e o tempo à serviço de suavizar a vida e a rotina de outros. Contadores de história contando suas histórias em meio digital. Inciativa privada e ONGs arrecadando alimentos e outros itens de necessidade para quem perdeu a fonte de renda, anônimos criativos criando “joguindos” distrativos para as redes sociais, para aliviar a carga de qualquer um. Desde a quarentena já joguei diversas variantes de jogos de adivinha, interativos ou não. Distrações são muito importantes quando pensar na vida real te leva a um pesadelo que não acaba. Quando parece que a realidade ao seu redor virou um filme de terror. Não importa se você é designer, educador, vendedor, executivo... doe o que pode doar. Não dinheiro, necessariamente, mas também. Doe tempo, seja solidário. Com o vizinho, com um amigo. Palavras de consolo ou de distração. Um papo via digital, um encontro online para debater os caminhos que podemos tomar pós covid, uma canção para espalhar nas redes: de serenidade, de paz, uma mensagem de esperança para viralizar. Qual o seu talento? O que você tem a oferecer ao mundo? Seus dias de quarentena, distanciamento, podem ser repletos de “bem viver” (vide post anterior). Seja um vetor de coisas boas. E, tenha em mente: #vaipassar.
Presente: um vetor do bem, by Adriana Calcanhoto: https://youtu.be/j7F1SGU_O8o
**BUARQUE, Chico. Partido Alto. Letra In https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45159/ Se quiser ouvir, uma versão maravilhosa de Cássia Eller in https://www.youtube.com/watch?v=eCGAuKb_J3k




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